Manifestação histórica<br>dos «cidadãos-polícias»

Com alguns a referirem a participação da mais de dez mil profissionais das forças de segurança, vários dirigentes sindicais consideraram que a manifestação de dia 22 teve uma participação inédita. Na moção aprovada e entregue na Assembleia da República, é considerada «grandiosa», a jornada dos «cidadãos-profissionais de Polícia – da GNR, da PSP, da Polícia Marítima, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e do Corpo da Guarda Prisional», que se reuniram nos Restauradores, desfilaram pela Rua do Ouro até junto do Ministério da Administração Interna, no Terreiro do Paço, prosseguindo até à Assembleia da República.
Convocada pela Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança (CCP), a manifestação teve âmbito nacional, vendo-se faixas a marcar presenças de Viana do Castelo, Guarda, Chaves, Coimbra. Os polícias, a que se juntou uma delegação de guardas-florestais, declararam desta forma «a mais profunda preocupação pelo conjunto de medidas anunciadas pelo Governo, com destaque para o congelamento da progressão nas carreiras, escalões e subsídios, para o aumento do tempo de serviço para efeitos de reforma, para alterações no sistema de aposentação e pré-aposentação e para o fim dos subsistemas de assistência na saúde». Na moção afirma-se que estas medidas «atentam gravemente contra os direitos dos profissionais de Polícia, esquecendo o Governo a especificidade da função policial».
Várias referências a esta especificidade foram feitas por símbolos e encenações, desde as bengalas ou uma cadeira de rodas («veículo policial do futuro das patrulhas a pé»), remetendo para o aumento da idade de reforma, até ao «funeral» de um agente morto em serviço, a caricaturar as consequências da eventual aplicação das medidas do Governo.
Nas concentrações e pelo caminho, foram gritadas palavras de ordem a apelidar o primeiro-ministro de «mentiroso». É que «os actuais governantes não cumprem o que prometeram para serem eleitos e, tal como na vigência dos dois governos anteriores, os ministros não querem o diálogo social» – acusou Alberto Torres, que interveio frente à AR, como presidente da ASPP/PSP e porta-voz da CCP.
Este dirigente lembrou as reivindicações apresentadas ao Executivo e afirmou que, caso não haja respostas que vão ao seu encontro, «os profissionais das forças de segurança, respeitando sempre a legalidade democrática, cumprindo as suas funções na prevenção e combate à criminalidade, e não descurando a segurança dos cidadãos, inovarão formas de protesto com apoio de sindicatos europeus de Polícia».


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